terça-feira, 26 de outubro de 2010

Amor

São suas cores que formam o branco do meu cotidiano
Se estou de bom-humor ou num mau dia,
as nuances se alteram
Mas por causa do meu olhar.

Você, você permanece.
E todos os meus eus te amam.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

"Dores concretas"

Dores concretas produzidas por algumas rusgas aliteradas da relação subliminar d' alma com o corpo

fomentam os espasmos que movem os meus dedos
unos e prensados.

Agora.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O algodão-doce

O seu algodão-doce da minha cor predileta
é tão mais doce que o meu
que quando tentei pegar
não consegui
ainda não estava pronta

O seu algodão-doce da minha cor predileta
é tão mais doce que o meu
que você me deu um tasco
porque não o quis todo

O seu algodão-doce da minha cor predileta
é tão mais doce que o meu
que quando percebi
estava estragado.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Arruinou-se

"Transformo-me, então, num prédio de cem mil andares. Todos iguais."

Arruinou-se
a fim de não perder sua estrutura
Rompeu o mundo
throught...!

Quando falaram para que parasse
ela
que nunca falara inglês
fez do stop o seu último contato
com o mundo
de cima a baixo
estrutura intacta.

domingo, 26 de setembro de 2010

Distração

Deixei o carinho que ia te dar cair no vão do metrô
E só percebi agora.

Sustentabilidade efêmera

Depois de decepcionar-me com a política de compra e venda
Anunciada em vidros nem tão transparentes quanto se espera,
Acabei por filiar-me ao movimento “Amor não custa”.
Cheia de idealismo e posicionamentos,
Ponho que atualmente eu não compro o que não venha com amor de brinde.
For free.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Meu dia de domingo

Dever
de captar, obturar, raptar
o dia
fragmentando toda a experiência não posta
em aberto
não certa

Dispara-se
à busca
do foco
ao léu.

ou

1/50, f 3.5, ISO 400

sábado, 21 de agosto de 2010

Entr'ombros ou ...

Ela incomodava e emurchecia os olhares
e em nada a atrapalhou o fato de não ser solicitada
continuou participando.

Flutuava pelas companhias
dando-se apenas por si.

Sóbria; só da sua vida.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Iluminada

Sim, iluminada.
Não escrevo no escuro
minha luz é o mundo.

Minha luz fala
senta
sorri

Minha luz anda e escolhe.


Lembrei-me de que minha luz também chora, quando dá tempo,
mas chora.

sábado, 7 de agosto de 2010

Depois de ouvir a conversa alheia no metrô

Com o José, pelo virtual...


O lugar onde moro é tão confortável
Porque as paredes bem imassadas
Me protegem.
Mas as aparências enganam...

E as coisas me tocam.
Posso dizer que a maior parte das coisas que vejo me tocam.
Sinto.
O dia-a-dia me emociona.
O que me surpreende, o novo;
Me soca.
É! Alguns tapinhas realmente não doem...

Alguns dizem que eu sou boba.
Já que, ainda, acredito no amor,
O homem é bom, as pessoas é que não têm mais coração.
Tenho esperança num mundo melhor.
Tudo e todos têm sua beleza e a aparência não é importante.

Sim, sou boba então.
Pois tenho essas coisas como minhas.
Estão a mim aderidas,
Tão inexplicavelmente,
Que não sei por que as ponho na estante, na cabeceira, na mesa, no porta-retrato
em momentos concretos e abstratos...
...quando, nas idéias alheias, me entremeio.

Filho de peixe, mesmo, peixinho é...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Lima

As poesias que nascem dos meus dedos
é que afiam as unhas
que eu cravo em você.

sábado, 31 de julho de 2010

Raízes

As raízes revoltaram-se
[e fizeram de suas árvores vítimas.
E dos homens, seus cumplíces.

A mais atual das teorias sobre o fim do mundo
[diz que morreremos suicidados.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Natureza

a doação é mais cálida que a posse
mas só por ter sangue.

a renúncia é mais honrosa que a falta
pelo mesmo motivo
não por coincidência.

seria,
se a vida fosse mais forte que a morte
mesmo tendo, ambas, sangue.
por que é outro plano, oposto,
abstrato.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Baixando a guarda

A técnica serve sim à literatura
Ou melhor
Serve a literatura, poetas, escritores e simpatizantes
Serve para a gente travar guerras frias,
Extravasar batalhas que deixam o sangue quente
Para criarmos planos mirabolantes e possíveis
Quem nunca se emocionou com um filme de guerra?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Eu colori uma flor para você

Todo passarinho se estabelece com seu bando, obrigada ;)


Minhas unhas pintadas em cor-de-pele rosada,
que pressionam sua pele
essa deferência ansiã, tão nossa
o traçado dos toques leves riscados a naquim

Presentes

Explicitados para a beleza discreta e suave do jardim que habitam.

E há muito mais disso dentro de mim,
disso, deste e daquele
há além do que pode ver
e de tanto que há, aqui tem até o que pode imaginar.

As nuvens, o fundo; a terra, no chão
tocam o que conseguem ter da gente.
Das outras coisas, as que nós não deixamos nascer
ninguém sabe sobre os abortos planejados

As nossas colheitas nunca foram sazonais mesmo
minhas crias são particulares
e doadas
do meu para o plural, recíproco.

As flores que minha imaginação colore
também são para você.
Só não as enfeito (ou as enlaço)
porque são primitivas
como os sentimentos que as desabrocham
é um querer, em todas as formas,
com todas as evidências.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ânsia supersaturada

Eu queria ser um caderninho também
todo escrito com palavras doces e singelas
daquelas que não despertam curiosidade
e que são tachadas de pobres e não criativas
aquelas que escrevíamos quando erámos crianças
e não sofríamos da loucura do existir

Eu queria ser justamente a página que tem uma lágrima
seca, depois de tanto tempo.
para realizar que existem sentimentos e sensações além, os mortos
para não viver de saudade inconsistente

Ser folha, da natural, também seria bom
Mas folha mais gasta, enrugada e seca
aquela que espera conformada o outono
para estar mais perto da certeza

Nesse caso, eu queria estar segura na ponta de um galho fino
o que me empurraria a todo vento para a vida
e me faria saber que a situação sempre pode mudar
(sempre finito, mas sempre)

Condições são mutáveis. Vida não.

A rima pobre do primo rico.

Contudo que me desespero
eu quero ainda ouvir seu berro
escutar sua mente
em voz alta, grave e ritmo eloquente

Quero inverter a sintonia
camuflar a sinfonia
rearranjar a melodia
vomitar o que me sacia

Você que veio do tudo,
de todas as coisas,
do lixo,

Eu quero conhecer o seu nicho, os seus avessos
saber qual é o seu nexo
descarto, por hora, pretextos.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O meu gostar

Tento não arvorar-me em você
para não causar pulsões soberbas
tento dirimir-me para outras direções
para não causar feridas inflamadas
a minha ânsia é tóxica
aos corpos lógicos
a minha razão é solidária ao seu sentimento.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Fome

Não é preciso terminar para desejar
não que seja desnecessário
mas posso ter e querer
as cores prontas e postas
estão para esmaecer
no meu sangue vivo e fértil.

Anfetaminas adiantariam
se não fossem inorgânicas.

Sua fala nutritiva não satisfaz
adoça.
Sobras.

Resto eu
a minha fome de você é o processo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Me dá um carnaval, por favor!

Mas é carnaval...
a festa outrora da afronta
que deita na alegria
e se aproveita da necessidade
de olhar o mundo
e ver cores
e ver proporções

a festa mote
que almeja acalmar os âminos
para o resto do ano
e já que é difícil de competir com a patuscada das eleições
tem a copa do mundo pra ajudar
que venha como reza forte!

Amanhã tudo volta ao normal.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Concretus, -a, -um

E de repente se fez felicidade a brisa que corria entre meus dedos.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

À justiça, dos homens

O mundo tá comendo gente viva e botando pra fora gente morta.
Nós,
os bam-bam-bans alquimistas
não conseguimos dar conta da gastura terrena.

E podíamos ser processados por isso
negligência dá cadeia...

Nesse caso, há perda da ética, da sensibilidade.

Ainda bem que aquele grupo de pessoas estranhas planeja a rebelião.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Genealogia

Ontem a tarde eu vi a raiz da sua alma.
Começava nos estribos do trem abandonado no pátio da estação
Enroscava-se no barulho dos sapatos apressados pela esperança de uma vida melhor
Subia pela cama nupcial que
suava prazeres cotidianos e pingava contrações des-esperadas.
Brincava de roda com as filhas da vizinha
e seguia até a mesa da copa onde costumava estudar.
Passava em frente a TV que anunciava prospostas econômicas para controlar a inflação.
Saía bastante, e chegou a frequentar as boates
Divertia-se com o frenesi pop.
Por hora espairece todas às quintas na pista de jogging da academia.
Entendo-te agora.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Empatia

Não
Não ganhei flores
mas a pétala opaca de rosa branca
[que encontrei na rua
me confortou.

Ela estava lá como eu estava
só.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Poesiando

ao perceber o erotismo,

a partir de um dado momento
meus pensamentos devaneiaram (sim, por eles mesmos)
e não sabia mais o que era prazer ou mesmo o que era gozo.
Enfim, os devaneios transloucaram minha razão, cheios de si
como se fossem realmente materiais

Daí por diante não houve uma só palavra que eu lesse que não me fazia desconfiar
cada símbolo enbaralhava meu pensamento
de forma que uma simples resposta do tipo "eu quero isso"
vinha à oralidade somente depois da calmaria provocada pelo ir embora de um tornado
tudo podia querer dizer todas as coisas
e numa dialética massante mergulhei sabendo que por muito tempo não voltaria

estaria entregue, ali, a mercê
das fantasias sobrepostas
entre os acordares
e os dormires.